As genetas (Genetta genetta) são criaturas tão enigmáticas quanto fascinantes. Embora pareçam felinos, com corpo esguio, manchas escuras e uma longa cauda anelada, elas não têm parentesco próximo com os gatos. Na verdade, esses pequenos carnívoros pertencem à família Viverridae, um grupo que também inclui civetas e mangustos. Além disso, ao contrário dos gatos, essas criaturas não são nada amigáveis.
Esses mamíferos são noturnos e preferem se esconder nas sombras das florestas e áreas arborizadas. Durante o dia, as genetas se abrigam em tocas feitas de vegetação, cavidades rochosas ou mesmo entre os arbustos. Quando a noite cai, elas saem para caçar com uma agilidade impressionante, escalando árvores com facilidade graças às suas garras afiadas e semi-retráteis.
Embora sejam principalmente carnívoras, alimentando-se de pequenos roedores, pássaros e répteis, sua dieta é mais variada. Elas também consomem insetos e frutas, o que as classifica como mesocarnívoras, assim como outros animais semelhantes, como raposas e texugos.
Atravessando continentes
A introdução das genetas na Europa, especialmente em Portugal, é um mistério que intriga os cientistas até hoje. Acredita-se que tenham chegado ao continente europeu através dos fenícios ou dos mouros, há séculos.
Embora originárias da África, elas se adaptaram tão bem ao clima europeu que se espalharam por diversos habitats, desde áreas florestais densas até ambientes mais abertos, desde que próximos a áreas arborizadas. E essa capacidade de adaptação é o que lhes permitiu sobreviver e prosperar, mesmo em regiões onde o avanço urbano afeta drasticamente a vida selvagem.
Esses pequenos predadores têm uma rotina solitária e evitam contato com outros animais e, principalmente, com seres humanos. É raro ver uma geneta em ação, exceto em registros fotográficos de armadilhas instaladas em florestas.
O mais comum é que sua presença seja percebida por meio de marcas de cheiro que deixam para delimitar território. Isso ocorre porque as genetas possuem glândulas odoríferas, responsáveis por uma secreção com um cheiro forte que transmite informações sociais e reprodutivas para outros indivíduos. Além disso, machos e fêmeas marcam território com urina e fezes, uma estratégia comum entre pequenos carnívoros para evitar disputas.
Não são pets
Mesmo sendo criaturas arredias, as genetas são vistas com frequência em regiões de safári na África e, ocasionalmente, em áreas urbanizadas, onde se adaptam à presença humana em busca de alimento. Contudo, apesar delas “aceitarem” os humanos, tentar manter esses animais exóticos como pets geralmente é uma péssima ideia.
As genetas, quando adultas, tendem a ficar bastante agressivas, o que não é ideal para quem deseja tê-las como animais de estimação. Ademais, como já foi mencionado, elas liberam secreções com cheiro forte e têm o hábito de marcar território com excrementos, o que pode ser bem incômodo em ambientes domésticos.
Embora sejam animais solitários, as genetas se tornam mais sociáveis durante o acasalamento, quando o macho segue a fêmea em uma dança em zigue-zague até ser aceito. Após cerca de 70 dias de gestação, nascem de um a quatro filhotes, que permanecem sob os cuidados da mãe até aprenderem a caçar, por volta dos quatro meses de idade.
Como percebido, as genetas exemplificam a engenhosidade da natureza, adaptando-se a diversos ambientes, de florestas a áreas urbanas. Embora pouco afetuosas, seu charme irresistível encanta quem as encontra na vida selvagem, mas é na natureza que elas revelam sua verdadeira beleza e mistério — por isso, é melhor que as deixemos em paz.