A febre é um dos sinais mais óbvios de que o corpo está travando uma batalha contra uma infecção. Sentir o corpo quente, os calafrios, a fraqueza… tudo isso faz parte da experiência. Mas, será que ela é só uma resposta incômoda, ou realmente está ajudando nosso organismo?
Um estudo recente, realizado por pesquisadores do Vanderbilt University Medical Center (VUMC), investigou o papel da febre na nossa defesa contra invasores. As descobertas foram publicadas na revista Science Immunology.
A febre como aliada do corpo
A febre tem um papel essencial no combate a infecções. O aumento da temperatura corporal dificulta a ação dos micróbios e impulsiona o sistema imunológico.
Segundo os pesquisadores, as temperaturas típicas da febre, em torno dos 39 °C, aceleram a atividade de células T, responsáveis por várias funções importantes na defesa do corpo. Essas células se tornam mais eficientes, aumentando sua capacidade de responder a infecções. É como se o calor “turbinasse” a ação das células defensoras.
Ao mesmo tempo, a febre também reduz a atuação das células que costumam segurar o ímpeto do sistema imunológico, dando mais liberdade para ele agir com força total. Mas, como tudo na vida, o excesso pode ser prejudicial.
Não são todas as células do sistema imunológico que lidam bem com o calor. As células Th1, que ajudam a combater vírus, sofrem bastante em temperaturas altas e muitas acabam morrendo com o estresse causado pela febre. Contudo, as que sobrevivem voltam ainda mais fortes, mais rápidas e eficientes em sua função.
Quando a febre deixa de ser amiga
Apesar desses benefícios, é importante lembrar que nem toda febre é boa. Quando ela se torna muito alta ou dura por muito tempo, o corpo pode começar a pagar o preço.
O calor constante afeta o sistema imunológico e também prejudica o funcionamento das mitocôndrias, que são as usinas de energia das nossas células. Sob temperaturas elevadas, elas ficam menos eficientes, o que pode causar danos às células e até ao DNA.
Esse cenário se torna mais preocupante quando pensamos em inflamações crônicas. Por exemplo, doenças como Crohn, que causam inflamações prolongadas no intestino, já estão associadas a um risco maior de câncer de cólon.
E agora, os cientistas suspeitam que o calor gerado pela inflamação possa contribuir para mutações celulares que levam ao crescimento de tumores. Ainda são necessárias mais pesquisas para confirmar essa relação, mas os primeiros indícios já nos deixam alerta.
Ou seja, uma febre moderada, de vez em quando, pode ser ótima para o corpo se defender de infecções. Mas quando a temperatura alta se torna constante ou muito intensa, ela pode causar mais problemas do que realmente ajudar.