Representatividade, troca de experiências, inovação em processos de produção e acesso a mercados. Estes são alguns dos benefícios apontados por pequenos produtores de municípios das regiões Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas ao se organizarem por meio da Associação dos Produtores de Cachaça de Alambique do Cerrado Mineiro (caCem). Criada em 2020, conta com cerca de 30 produtores que se reúnem, todos os meses, de forma presencial, em sua sede, em Araxá.
Ao longo destes quatro anos, este ambiente de colaboração permitiu ganhos como o compartilhamento de boas práticas agrícolas que ampliou o uso de controle biológico – prática de uso de inimigos naturais para reduzir pragas e doenças nos canaviais -, e diminuir a aplicação de inseticidas. O associativismo também permitiu a participação dos produtores em programas como a Central de Negócios, que facilitou as negociações com os fornecedores para compras coletivas de insumos a preços reduzidos.
A organização de forma coletiva ainda incentiva a formalização dos alambiques junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), reduzindo a informalidade. O Sebrae Minas, parceiro da Associação, oferece consultorias personalizadas para organizar a documentação necessária à formalização dos produtores. A entidade também estruturou ações conjuntas de marketing. “Apoiamos a elaboração da identidade visual da marca usada por eles. É um fator que agrega valor, especialmente, na participação em eventos, como a ExpoQueijo”, destaca o analista da entidade Alessandro Henrique de Souza.
A conexão dos produtores também permitiu a entrada em programas de assistência técnica e gerencial (ATeG) da Agroindústria de Cana-de-açúcar/Cachaça, realizado pelo Sistema Faemg. O presidente da Associação, Cássio Azevedo, produtor na cidade de Ituiutaba, conta que “o apoio das entidades permite, também, o acesso a ferramentas de gestão do alambique, e transferência de conhecimento entre os associados”, conta.
Suporte acadêmico e reconhecimento internacional
Em busca de maior qualidade química e sensorial para a bebida, a Associação dos Produtores de Cachaça de Alambique do Cerrado Mineiro firmou uma parceria com o Núcleo de Estudos e Pesquisas Sucroenergéticas, da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). A análise avalia as leveduras e as condições de fermentação, fatores que influenciam no sabor da bebida. A instituição ainda está promovendo uma pesquisa para identificar características comuns no território que podem embasar o registro da Indicação Geográfica (IG), que reconhece a região como produtora de um determinado produto ou serviço.
A qualidade da cachaça feita pelos produtores que integram a Associação rendeu dezenas de premiações nacionais e internacionais, além da entrada em feiras importantes para o setor, como o Festival da Cachaça de Brasília, realizado em maio deste ano. Os produtores colecionam medalhas em concursos como a World Spirits Competition (SFWSC), realizado em São Francisco, na Califórnia; na Expocachaça, em Belo Horizonte; e destaque no Ranking da Cúpula da Cachaça, evento tradicional no calendário dos apreciadores dessa bebida nacional. Em 2024, uma das cachaças que fazem parte da associação levou duas medalhas no concurso Spirits Selection 2024, uma das competições internacionais mais prestigiadas do mundo, focada na avaliação de destilados. Neste ano, o concurso aconteceu em Guanajuato, México.
Pioneirismo mineiro
Em 2023, o Brasil contabilizou 1.217 cachaçarias registradas, um aumento de cerca de 8% em relação a 2022, de acordo com o Anuário da Cachaça 2024, divulgado pelo Mapa. Minas Gerais consolidou-se como o estado com o maior número de cachaçarias, somando 504 estabelecimentos, o que representa 41% do total nacional. É a primeira vez que um estado supera a marca de 500 cachaçarias registradas. Minas lidera, também, em diversidade de marcas, com uma média de 8,6 registros por estabelecimento, totalizando 4.341 marcas.
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Assessoria de Imprensa do Sebrae Minas – Regional Triângulo
Vanessa Braga (Stark)