A Sociedade Histórica do Condado de Dorchester, em Maryland, finalmente desvendou o propósito de uma máquina misteriosa que estava nos arquivos da instituição por quase três décadas. A engenhoca, com cerca de 100 anos de idade, e composta por dois rolos giratórios sobre uma bancada de cerâmica, intrigou os historiadores locais e gerou diversas especulações do público.
Inicialmente, ninguém sabia ao certo para que servia aquele aparelho peculiar, especialmente porque o motor que foi acoplado à estrutura parecia uma adição recente, deixando em aberto a dúvida sobre sua funcionalidade original.
Peça desconhecida
Quando a equipe da Sociedade Histórica compartilhou imagens da peça enigmática nas redes sociais, os palpites surgiram aos montes. Algumas das ideias incluíam um amaciador de carne, uma ferramenta para trabalhos com couro e até uma prensa de litografia. A máquina, apelidada de “gadget do Museu Neild,” havia sido doada à Sociedade pelo museu de uma cidade vizinha, Delaware, nos anos 1990.
Apesar de existir um registro de outra engenhoca semelhante, nenhum documento ou foto parecia confirmar o que realmente era o objeto. Com as sugestões dos seguidores no Facebook, a diretora executiva Zoe Phillips começou a explorar mais a fundo as possíveis funções do equipamento.
Foi então que Phillips e sua equipe começaram a considerar uma hipótese fascinante: a máquina podia ter sido usada na produção de um tipo específico de biscoito muito popular em Maryland, o chamado “biscoito batido”.
Esses biscoitos têm uma origem curiosa e remetem aos tempos das plantações nas regiões sul e leste do estado, onde, devido à escassez de fermento, as massas eram preparadas com ingredientes básicos e uma técnica peculiar: bater a massa repetidamente com o cabo de um machado sobre um tronco de árvore.
Esse processo exaustivo ajudava a eliminar as bolhas de ar, tornando a massa densa e compacta. A ideia de que alguém teria criado uma máquina para automatizar esse processo faz todo o sentido, considerando o esforço que o preparo manual exigia.
Conectando histórias
Phillips compartilhou com o público que, aparentemente, um homem criou a máquina para ajudar sua tia no negócio de biscoitos, simplificando o trabalho de remoção de ar da massa. A engenhoca teria surgido como uma tentativa de substituir a força manual por um sistema mecânico, um avanço bem-vindo na época para quem produzia grandes quantidades de biscoitos.
Além disso, a cidade de Cambridge, onde fica o museu, já teve padarias locais dedicadas a esses biscoitos, sugerindo uma conexão histórica que reforçou ainda mais a teoria de que o dispositivo era, de fato, uma “batedeira de biscoitos batidos”.
Em 1º de novembro, Phillips confirmou que a máquina era, de fato, uma ferramenta para produzir os tradicionais biscoitos de Maryland. O próprio doador confirmou a origem ao lembrar que trouxe a peça de sua antiga casa nos anos 90. A revelação trouxe um ar nostálgico e até uma sensação de pertencimento à comunidade, pois resgatou uma tradição que, ao longo do tempo, havia sido esquecida.
Os biscoitos batidos de Maryland são uma relíquia da culinária local, e a redescoberta dessa máquina adiciona mais uma peça à história gastronômica da região. Feitos com ingredientes simples como farinha, sal, banha, açúcar e fermento em pó, esses biscoitos exigem uma técnica de preparo bastante distinta.
A descoberta da máquina centenária não é apenas curiosa; mostra como as inovações sempre surgiram para facilitar o trabalho humano. Agora, a Sociedade Histórica de Dorchester considera exibir a peça — quem sabe até com uma fornada de biscoitos batidos para comemorar.