Quando a primeira explosão nuclear foi desencadeada no deserto do Novo México, em 1945, o mundo entrou em uma nova era — a era nuclear. Desde então, o poder dessas armas impactou profundamente o cenário político e militar global.
O lançamento das bombas em Hiroshima e Nagasaki trouxe uma compreensão assustadora da destruição que essa tecnologia pode causar e, ao longo das décadas seguintes, uma série de testes nucleares foi realizada, especialmente durante a Guerra Fria.
Mas, quantas dessas bombas realmente explodiram? E quais marcas elas deixaram no meio ambiente e na saúde humana?
A era dos testes nucleares
Quando a corrida nuclear se intensificou, vários países passaram a desenvolver suas próprias armas. Durante a década de 1960, o número de testes aumentou drasticamente, com 1962 registrando um recorde de 178 explosões nucleares.
A crise dos mísseis em Cuba naquele ano trouxe um medo palpável de guerra nuclear e estimulou o debate sobre a necessidade de controle de armas.
Em resposta, em 1963, o “Tratado de Proibição Parcial de Testes Nucleares” foi assinado, proibindo testes atmosféricos, espaciais e subaquáticos, embora os subterrâneos ainda tenham continuado por vários anos.
Ao longo das décadas, EUA, União Soviética/Rússia, França, Reino Unido, China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte somaram mais de 2 mil testes nucleares. Os EUA lideram com 1.030 testes, enquanto a União Soviética seguiu com 715.
Impactos ambientais e na saúde
As explosões nucleares, especialmente as atmosféricas, liberam uma quantidade alarmante de radioisótopos que se espalham globalmente, afetando o meio ambiente e a saúde humana.
Nos anos 1960, um estudo revelou que crianças estavam absorvendo estrôncio-90, um isótopo cancerígeno, por conta da precipitação radioativa. Esse impacto acendeu o alerta para os efeitos nocivos da radiação, impulsionando movimentos de desarmamento e restrições aos testes nucleares.
Estima-se que a precipitação radioativa dos testes nos anos 1950 e 1960 tenha contribuído para milhares de casos de câncer e leucemia. As áreas usadas para testes, como o Atol Rongelap nas Ilhas Marshall, continuam perigosas devido à contaminação radiológica.
Além dos impactos de saúde, as comunidades locais enfrentaram a perda de suas terras e a desestruturação de sua cultura e modos de vida.
Em 1996, o “Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares” foi proposto para banir de vez os testes nucleares e, hoje, um sistema de monitoramento global torna difícil a realização de testes secretos. Contudo, ainda falta a adesão de todas as potências nucleares.
Embora os tratados tenham reduzido significativamente as explosões nucleares, a ameaça permanece: mais de 13 mil ogivas nucleares estão em estoque, um lembrete constante do potencial destrutivo dessa tecnologia.