A ansiedade é uma das grandes questões de saúde mental hoje no mundo. O Brasil, por exemplo, está entre os que têm maior incidência desse transtorno na América Latina. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 18 milhões de brasileiros sofrem com a condição, o que corresponde a cerca de 9,3% da população.
Os genes da ansiedade
Um estudo realizado por autores vinculados ao departamento de psiquiatria da Escola de Medicina de Yale e publicado no periódico Nature Genetics analisou os perfis genéticos de mais um milhão de participantes, que foram coletados em vários grupos do mundo todo.
A partir disso, eles acabaram constatando a existência de mais de 100 genes associados à ansiedade. Essa descoberta é muito importante, uma vez que os transtornos e sintomas de ansiedade afetam negativamente milhares de pessoas. Entender a predisposição genética para essa questão pode então implicar no desenvolvimento de terapias e tratamentos mais eficazes para os pacientes que passam por isso.
“Este esforço destaca o poder dos estudos genéticos em larga escala para dissecar a patogênese complexa da ansiedade, demonstrando como múltiplos genes que atuam em diferentes funções cerebrais contribuem para definir o risco genético individual”, afirmou Renato Polimanti, que é um dos autores do estudo.
Como agem os genes da ansiedade?
Os pesquisadores acreditam que a integração das informações genéticas com outras características moleculares pode ajudar a entender como os genes aumentam os riscos para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade. Eles observaram também que alguns desses genes podem provocar predisposição a outras doenças mentais, incluindo depressão, esquizofrenia e transtorno bipolar.
“Essas descobertas abrem novas possibilidades para entender a base molecular da psicopatologia e avaliar os mecanismos responsáveis pela comorbidade entre ansiedade e outros resultados negativos para a saúde”, complementou Polimanti.
A pesquisa ainda demonstrou que o risco genético da ansiedade também está correlacionado com condições não psiquiátricas. Entre eles, as evidências mais fortes diziam respeito a distúrbios gastrointestinais e episódios relacionados à dor.
“Ao estudar transtornos de ansiedade em cinco diferentes ancestralidades pela primeira vez, fomos capazes de descobrir a arquitetura genética dos transtornos de ansiedade com mais poder de associação genética. Nosso esforço destaca a importância de aumentar a diversidade em estudos genéticos para entender melhor os correlatos específicos de ancestralidade dos transtornos de ansiedade, mas também para alavancar o poder da descoberta genética entre ancestrais”, concluiu Eleni Friligkou, também autora do estudo.